'Mulher X' poderia ter vivido há meros 30 mil anos. Pesquisadores desconfiam que criatura seja parente dos 'hobbits'.
Da Reuters
Material genético retirado de um osso de dedo mindinho achado em uma caverna siberiana mostra que um tipo de pré-humano até agora desconhecido viveu junto com humanos modernos e Neandertais, relataram os cientistas.
A criatura, apelidada por enquanto de "Mulher X", poderia ter vivido há meros 30 mil anos, e aparentemente guarda parentesco apenas remoto com os humanos modernos e os Neandertais, segundo os pesquisadores.
"Realmente pareceu algo que nunca vimos antes", disse por telefone Johannes Krause, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, em Leipzig, na Alemanha. "Era uma sequência (de DNA) que parecia como a de humanos, mas realmente bem diferente."
Em artigo na revista Nature, Krause e seus colegas disseram que conseguiram sequenciar o DNA da mitocôndria, parte da célula que é transmitida praticamente intacta de mãe para filha. Eles compararam-no ao DNA de humanos, Neandertais e macacos.
Terceiro hominídeo
A sequência indica que esse hominídeo divergiu há cerca de 1 milhão de anos da linhagem que deu origem a humanos e Neandertais, a qual por sua vez se dividiu há cerca de 500 mil anos.Dessa forma, a "Mulher X" é mais jovem que o "Homo erectus", pré-humano que deixou a África para colonizar boa parte do mundo há cerca de 1,9 milhão de anos.
"É alguma nova criatura que não estava no nosso radar até agora", disse Svaante Paabo, colega de Krause e especialista em análise de DNA antigo.
Além disso, esse humanídeo teria vivido perto de humanos modernos e de Neandertais. "Havia pelo menos três... diferentes formas de humanos nesta área há 40 mil anos", disse Paabo.
Sem nome
Os dois pesquisadores tiveram o cuidado de ainda não conferir um novo nome à espécie. Eles estão trabalhando para sequenciar o DNA nuclear -- aquele que compõe a maior parte do código genético, e que poderá nos contar mais sobre a "Mulher X".
O sequenciamento genético pouco revela aos cientistas sobre a aparência da criatura ou sua interação com outros humanos que viviam nas montanhas Altai, na Sibéria, onde o dedo mindinho foi achado. Os cientistas ainda esperam encontrar mais ossos, que permitam eventualmente reconstituir o esqueleto desses hominídeos. As condições secas e frias dos montes Altai preservam o DNA.
Paabo e Krause disseram que teoricamente é possível que a criatura esteja relacionada a outra possível terceira espécie humana -- o "Homo floresiensis", apelidado de "hobbit", que viveu em uma ilha da atual Indonésia há cerca de 17 mil anos.
A equipe tentou sem sucesso obter DNA de ossos dos "hobbits". A maior parte dos esqueletos de pré-humanos foi achada em lugares quentes e úmidos, como a África, que não são propícios à preservação do material genético.
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