quarta-feira, 30 de junho de 2010

"Praga da dança" matou centenas de habitantes de Estrasburgo em 1518

Epidemia começou em julho, com mulher bailando sem parar por 6 dias. Transe acabou envolvendo centenas de pessoas e durou até setembro.

Do G1


                  Carnaval epidêmico - Vítimas da febre da dança morriam de ataque cardíaco, derrame ou exaustão                   (Imagem: reprodução)

   Em julho de 1518, a cidade francesa de Estrasburgo, na Alsácia (então parte do Sacro Império Romano-Germânico) viveu um carnaval nada feliz. Uma mulher, Frau Troffea (dona Troffea), começou a dançar em uma viela e só parou quatro a seis dias depois, quando seu exemplo já era seguido por mais de 30 pessoas. Quando a febre da dança completava um mês, havia uns 400 alsacianos rodopiando e pulando sem parar debaixo do Sol de verão do Hemisfério Norte. Lá para setembro, a maioria havia morrido de ataque cardíaco, derrame cerebral, exaustão ou pura e simplesmente por causa do calor. Reza a lenda que se tratava de um bloco carnavaleso involuntário: na realidade ninguém queria dançar, mas ninguém conseguia parar. Os enlutados que sobraram ficaram perplexos para o resto da vida.
   Para provar que a epidemia de dança compulsiva não foi lenda coisa nenhuma, o historiador John Waller  lançou, 490 anos depois, um livro de 276 páginas sobre o frenesi mortal: “A Time to Dance, A Time to Die: The Extraordinary Story of the Dancing Plague of 1518”. Segundo o autor, registros históricos documentam as mortes pela fúria dançante: anotações de médicos, sermões, crônicas locais e atas do conselho de Estrasburgo.
        276 páginas - Historiador recuperou documentos da época atestando as mortes pela fúria dançante                   (Imagem: reprodução)

   Um outro especialista, Eugene Backman, já havia escrito em 1952 o livro "Religious Dances in the Christian Church and in Popular Medicine". A tese é que os alsacianos ingeriram um tipo de fungo (Ergot fungi), um mofo que cresce nos talos úmidos de centeio, e ficaram doidões. (Tartarato de ergotamina é componente do ácido lisérgico, o LSD.)
   Waller contesta Backman. Intoxicação por pão embolorado poderia sim desencadear convulsões violentas e alucinações, mas não movimentos coordenados que duraram dias.
   O sociólogo Robert Bartholomew propôs a teoria de que o povo estava na verdade cumprindo o ritual de uma seita herética. Mas Waller repete: há evidência de que os dançarinos não queriam dançar (expressavam medo e desespero, segundo os relatos antigos). E pondera que é importante considerar o contexto de miséria humana que precedeu o carnaval sinistro: doenças como sífilis, varíola e hanseníase, fome pela perda de colheitas e mendicância generalizada. O ambiente era propício para superstições.
   Uma delas era que se alguém causasse a ira de São Vito (também conhecido por São Guido), ele enviaria sobre os pecadores a praga da dança compulsiva. A conclusão de Waller é que o carnaval epidêmico foi uma “enfermidade psicogênica de massa”, uma histeria coletiva precedida por estresse psicológico intolerável.
Nonstop dancing – Gravura do artista Henricus Hondius (1573-1610) retrata três mulheres acometidas pela praga da dança; obra é baseada em desenho original de Peter Brueghel, que teria testemunhado um dos surtos subsequentes, em 1564 na região de Flandres (Imagem: reprodução)

   Outros seis ou sete surtos afetaram localidades belgas depois da bagunça iniciada por Frau Troffea. O mais recente que se tem notícia ocorreu em Madagascar na década de 1840.



*Com informações do site Discovery News, por Jennifer Viegas 

sexta-feira, 25 de junho de 2010

As concepções de Higiene na Idade Média

Não havia higiene na Idade Média?
Os homens cheiravam mal e não trocavam de roupa, e os camponeses viviam com animais. Não existiam banhos, mesmo porque lavar-se não era coisa bem vista. Certo? Errado!

por Olivier Tosseri

   Muita gente aprende nos bancos escolares ou em referências no cinema e em livros que os tempos medievais foram um zero à esquerda em matéria de asseio. Não é bem assim. Havia higiene na Idade Média, quando também se usava a água por prazer. Esse só não era um valor tão disseminado como hoje nas sociedades carentes, como em todos os períodos passados, de meios de educação abrangentes e democráticos.
   Acervos preciosos de arte e objetos do período incluem itens usados na toalete de homens e mulheres, assim como iluminuras que representam pessoas se lavando. Os tratados de medicina e educação de Bartholomeus Anglicus, Vicente de Beauvais ou Aldobrandino de Siena, monges que viveram no século XIII, mostram uma preocupação real em valorizar a limpeza, principalmente a infantil.

                                             Coleção Waldburg-Wolfegg, Castelo de Wolfegg

Banho público na Alemanha. Ilustração de manuscrito do século XV

   A água era um elemento terapêutico e servia tanto para prevenir quanto para curar as doenças. Desenvolveram-se as estâncias termais e era recomendado e estimulado lavar-se regularmente. Como as casas não tinham água corrente, os grandes locais de higiene eram os banhos. Certamente herdados da Antiguidade, é provável que tenham voltado à moda graças aos cruzados retornados do Oriente, onde se havia conservado a tradição.
   Nas cidades, a maioria dos bairros tinha banhos públicos, chamados de “estufas”, cuja abertura os pregoeiros anunciavam de manhã. Em 1292, Paris, por exemplo, contava com 27 estabelecimentos. Alguns deles pertenciam ao clero. O preço da entrada era elevado, e nem todos podiam visitá-los com assiduidade.
   Na origem, os frequentadores se contentavam com a imersão em grandes banheiras de água quente. O procedimento se aperfeiçoou com o surgimento de banhos saturados de vapor de água. Utilizava-se o sabonete ou a saponária, planta que fazia a água espumar, para um melhor resultado. Para branquear os dentes, recorria-se a abrasivos à base de conchas e corais.
   Tal era o sucesso desses locais que a corporação dos estufeiros foi regulamentada. Eles tinham direito a preços predeterminados e o dever de manter água própria e impedir a entrada de doentes e prostitutas. A verdade, porém, é que as estufas foram se transformando cada vez mais em lugar de encontros galantes: os banhos em comum e os quartos colocados à disposição dos clientes favoreciam a prostituição.
   No século XIV, recorreu-se a éditos para separar os homens das mulheres, mas foi durante o século XV que se verificou uma mudança de mentalidade. A Igreja endureceu suas regras morais, pois passou a ver com maus olhos tudo quanto se relacionasse com o corpo. E os médicos já não consideravam a água benéfica, mas sim responsável e vetor de enfermidades e epidemias. Segundo eles, os poros dilatados facilitavam a entrada de miasmas e impurezas.
    A grande peste de 1348 recrudesceu esse entendimento. Desde então, passou-se a desconfiar da água, que devia ser usada com moderação. Os banhos declinaram e, pouco a pouco, desapareceram. Foi preciso aguardar o século XIX e o movimento higienista para que se produzisse uma nova mudança de mentalidade.


Fonte: História Viva

terça-feira, 22 de junho de 2010

Arqueólogos acham pinturas mais antigas dos apóstolos de Jesus

Imagens foram encontradas em um ramal das catacumbas de Santa Tecla. Afrescos eram conhecidos, mas seus detalhes vieram à tona recentemente.

  Reuters

    Arqueólogos e restauradores de arte usando nova tecnologia a laser descobriram o que acreditam ser as pinturas mais antigas dos rostos dos apóstolos de Jesus Cristo.
   As imagens encontradas em um ramal das catacumbas de Santa Tecla, perto da Basílica de São Pedro, do lado de fora das muralhas da Roma antiga, foram pintadas no fim do século 4 ou início do século 5.
   Descobertas foram anunciadas nesta terça-feira (22) (Foto: Tony Gentile / Reuters)

   Arqueólogos acreditam que essas imagens podem estar entre as que mais influenciaram os retratos feitos por artistas posteriores dos mais importantes entre os primeiros seguidores de Cristo.
   "São as primeiras imagens que conhecemos dos rostos desses apóstolos", disse o professor Fabrizio Bisconti, diretor de arqueologia das catacumbas de Roma, que pertencem ao Vaticano e são administradas por ele.
   Os afrescos eram conhecidos, mas seus detalhes vieram à tona durante um projeto de restauração iniciado dois anos atrás e cujos resultados foram anunciados nesta terça-feira (22) em coletiva de imprensa.
   Os ícones de rosto inteiro incluem as faces de São Pedro, Santo André e São João, que fizeram parte dos 12 apóstolos originais de Jesus, e São Paulo, que se tornou apóstolo após a morte de Cristo.
   As pinturas possuem as mesmas características de imagens posteriores, como a testa enrugada e alongada, a cabeça calva e a barbicha pontuda de São Paulo, o que indica que podem ter sido as imagens nas quais os retratos posteriores se basearam.
   Os quatro círculos, com cerca de 50 centímetros de diâmetro, estão no teto do local do sepultamento subterrâneo de uma mulher nobre que se acredita que tenha se convertido ao cristianismo no fim do mesmo século em que o imperador Constantino legalizou a religião.
   Bisconti explicou que as pinturas mais antigas dos apóstolos os mostram em grupo, com rostos menores cujos detalhes são difíceis de distinguir.
   "Trata-se de uma descoberta muito importante na história das comunidades cristãs primitivas de Roma", disse Bisconti.
   Os afrescos dentro do túmulo, medindo cerca de 2 metros por 2 metros, estavam recobertos de uma pátina espessa de carbonato de cálcio pulverizado, provocada pela umidade extrema e a ausência de circulação de ar.
   "Fizemos análises extensas e demoradas antes de decidir qual técnica empregar", disse Barbara Mazzei, que chefiou o projeto. Ela explicou como usou um laser como "bisturi ótico" para fazer o carbonato de cálcio cair sem prejudicar a tinta.
   "O laser criou uma espécie de miniexplosão de vapor quando interagiu com o carbonato de cálcio, levando este a se destacar da superfície."
   O resultado foi a clareza espantosa das imagens, antes opacas e sem nitidez.As rugas na testa de São Paulo, por exemplo, estão nítidas, e a brancura da barba de São Pedro ressurgiu.
   "Foi uma descoberta de forte impacto emocional", disse Mazzei.
   Outras cenas da Bíblia, como a de Jesus convocando Lázaro a levantar-se dos mortos ou Abraão preparando-se para sacrificar seu filho, Isaac, também ficaram muito mais claras e nítidas.
   "No que diz respeito a pinturas no interior de catacumbas, estamos acostumados a ver pinturas muito pálidas, geralmente brancas, com poucas cores. No caso das catacumbas de Santa Tecla, a grande surpresa foram as cores extraordinárias. Quanto mais avançamos, mais surpresas encontramos", disse Mazzei.
   Situado num labirinto de catacumbas sob um prédio moderno, o túmulo ainda não está aberto ao público devido às obras que continuam, à dificuldade de acesso e ao espaço limitado. Bisconti disse que as novas descobertas serão abertas apenas à visitação de especialistas, por enquanto.

Fonte: G1

terça-feira, 15 de junho de 2010

A Ditadura e o Futebol

Andrada, que levou o milésimo gol de Pelé, acusado de sequestrar civis durante a Ditadura Argentina

por Ariel Palacios

“Excelente goleiro!”, afirmam seus colegas e admiradores. “Mas, péssima e sórdida pessoa”, complementam.

   O nome de Edgardo Norberto “El Gato” Andrada ficou imortalizado na História do futebol mundial por não ter conseguido pegar – por poucos centímetros – a bola que Pelé chutou na direção do lado esquerdo do arco do Vasco da Gama, às 23:11 horas do dia 19 de novembro de 1969, no mítico Maracanã. Naquele dia, há exatamente 40 anos, Andrada tornou-se – involuntariamente – o homem que levou o gol número 1.000 do emblemático jogador santista. Andrada, proveniente do time Rosario Central, era um argentino que havia debutado com brilho no Vasco, time no qual ficaria até 1976.
   Mas, em vez de ostentar o prestígio de ter sido alvejado certeiramente por Pelé, a imagem de Andrada na Argentina foi manchada pelas acusações que o indicam como um ativo participante de “patotas” (grupos de jagunços) que realizavam sequestros de civis durante a última ditadura militar (1976-83).
  
Andrada era chamado de “El Gato”, por seu jeito de “felino”

EL GATO

   Andrada, que era apelidado de “El Gato” (O Gato), por suas feições angulosas e olhos levemente rasgados, além do ar “felino” que tinha ao movimentar-se, voltou em 1976 para a Argentina, ano em que dezenas de milhares de pessoas partiam para o exílio.
   Naquele ano os militares dariam um golpe de Estado que implantaria a ditadura mais sangrenta da História da América do Sul, com um saldo de 30 mil civis torturados e assassinados. Em 1977 Andrada entrou para o clube Colón, na cidade de Santa Fe, onde ficou até 1979. Em 1982 integrou o time Renato Cesarini, na cidade de Rosario.
   No início dos anos 80 Rosario, onde morava Andrada, era a segunda maior cidade do país. Rosario também era a área de atuação do general Leopoldo Fortunato Galtieri, que em 1982 daria um golpe dentro do golpe, tomaria o poder e invadiria as ilhas Malvinas, protagonizando uma catástrofe militar para o país.
  

Leopoldo Fortunato Galtieri, ditador com intenso approach pelo scotch, foi durante anos o senhor da vida e da morte na cidade de Rosario, onde atuava “El Gato” Andrada

ATIVIDADES NÃO-ESPORTIVAS

   Diversas denúncias foram realizadas nos anos 90 sobre as controvertidas atividades não-esportivas de Andrada durante a Ditadura. Mas, a principal delas, com luxo de detalhes, foi realizada no ano passado por um ex-torturador, Eduardo “Tucu” Constanzo, de 74 anos, que atualmente está sob prisão domiciliária em sua residência na cidade de Rosário, na província de Santa Fe.
   Segundo Constanzo, Andrada fez parte de uma patota que sequestrava civis em Rosario. O ex-torturador, que foi agente da Inteligência do Exército, sustenta que o ex-goleiro esteve envolvido pelo menos no desaparecimento e assassinato de dois militantes do Partido Justicialista (Peronista), Osvaldo Cambiasso e Eduardo Pereira Rossi. Cambiasso e Pereira Rossi foram sequestrados no dia 14 de maio de 1983 em um bar do centro da cidade, o “Magnum”, quando faltavam menos de sete meses para que o regime militar terminasse.
   Na semana passada Constanzo reiterou perante a Justiça na cidade de Rosario as declarações que havia feito no ano passado. Segundo ele, Andrada, junto com outro “patotero”, Sebastián “Filtro”, “sequestrou Pereira Rossi e Cambiasso. “Andrada foi pisando as cabeças dos dois, que apareceram fuzilados”, disse. Os corpos de Cambiasso e Rossi apareceram dias depois do sequestro nos arredores da cidade de Zárate, no norte da província de Buenos Aires. Na época, a autópsia indicou que antes de serem baleados a queima-roupa, os dois homens haviam sido espancados, além de torturados com choques elétricos.
   No entanto, o Ministério do Interior, no dia 17 de maio daquele ano anunciou que Pereira Rossi e Cambiasso haviam sido abatidos em um confronto com forças do Exército da Unidade Regional do Tigre, um município afastado do lugar onde os corpos foram encontrados, e a várias centenas de quilômetros do lugar de onde foram sequestrados na presença de várias testemunhas. Constanzo, um dos poucos “arrependidos” da ditadura, afirmou que Andrada aposentou-se como “agente do serviço do Destacamento de Inteligência”.
   No ano passado (2008), Andrada negou as acusações em breves e irritadas declarações à imprensa: “isso não tem nem pé nem cabeça”. Além disso, afirmou que “Constanzo está delirando”. Andrada admitiu que integrava o Exército, mas nega dar explicações sobre suas funções específicas nessa força.
   No entanto, documentos das investigações que a Justiça argentina realiza sobre as torturas em Campo de Mayo – o segundo maior centro clandestino de detenção e torturas da Ditadura – Andrada foi “agente secreto C-3 do Destacamento de Inteligência” de Rosario, e consequentemente, do Serviço de Inteligência do Exército.
   Fontes judiciárias confirmaram que as investigações sobre Andrada – atualmente com 70 anos – estão em andamento nos tribunais comandados pelo juiz Carlos Villafuerte Ruzzo.

Restos de desaparecidos da Ditadura localizados pela Equipe Argentina de Antropologia



Fonte: OESTADÃO.COM.BR/BLOGS

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Curiosidades da Copa do Mundo

As mais variadas curiosidades ocorridas nas edições da Copa do Mundo de Futebol da FIFA 

Copa do Mundo de 1930 (Uruguai)

   O jogador  uruguaio, Héctor Castro, possuia deficiência em um de seus braços, o mesmo não possuia uma das mãos. Mesmo com essa deficiência, jogou partidas pela seleção uruguaia. Devido a sua grande habilidade com a bola no pé, recebeu o apelido de "o divino manco."

Copa do Mundo de 1934 (Itália)

  Como forma de proteger sua cabeça do contato com a grosseira costura feita na bola utilizada para a prática de futebol na época. O jogador da seleção italiana,  Luigi Bertolini, entrou em campo com a cabeça protegida por uma faixa de tecido para se proteger  de algum machucado provocado pela  costura  da bola na hora do cabeceio.

Copa do Mundo de 1938 (França)

   "O pai da bicicleta," Leonidas da Silva, no jogo do Brasil contra a Polônia, "perdeu" a chuteira e fez um gol descalço. o Brasil venceu a Polônia pelo placar de 6 a 5.  

Copa do Mundo de 1954 (Suiça)

   A maior média de gols marcados em uma Copa do Mundo  foi na de 1954. Nesta edição foram marcados, em média, 5,4 gols por partida.

Copa do Mundo de 1962 (Chile)

   Enquanto as equipes do Brasil e da Inglaterra disputavam uma partida com bastante ímpeto e desenvoltura, um cachorro invadiu o campo e provocou a paralisação temporária da partida, pois, o canino corria o campo fugindo dos jogadores de ambas as equipes e atrapalhava o decorrer da partida. O fantástico Garrincha, habilidoso e rápido como ninguém, ao tentar pegar o cachorro, levou um dible hilário do animal. Porém, o jogador da seleção inglesa,  Greaves, que não possuia habilidade como Mané, avançou para cima do cachorro e conseguiu pegá-lo. 
   Está mesma edição da copa, que apresentou esse fato interessante no certame, deixou, no campo da memória, um saldo negativo na História das Copas. Esta edição foi a que possuiu um  número muito alto de jogadas violentas aplicada em campo entre as equipes, levando assim a obter, um saldo de 50 jogadores lesionados nos cinco primeiros dias de disputa, em decorrência de lesões provocadas pela agressão no decorrer das partidas disputadas.  



  

   

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Epidemia de gripe espanhola adia o Sul-Americano de 1918

A disputa do III Campeonato Sul-Americano deveria acontecer em 1918, no Rio de Janeiro. Mas uma epidemia de gripe Espanhola, matou milhares de pessoas e, adiou o campeonato para o ano seguinte. E no ano de 1919, o Brasil ganha seu primeiro título Sul-Americano de Futebol

   A Cidade do Rio de Janeiro foi assolada pela gripe espanhola, escolas e comercio foram fechados como forma de evitar  que a epidemia se propagasse. Alguns relatos da época informavam que os Caminhões da Saúde Pública percorriam as ruas da Cidade recolhendo os corpos deixados nas portas das casas nos quais eram jogados nas caçambas e levados para os cemitérios. Sem condições de receber o campeonato, o ano da edição foi adiado para 1919.

No ano seguinte, o Brasil vence o Uruguai em uma  vitória dramática na final e conquista o título.  

   A Realização do II Campeonato Sul-Americano de Futebol, na Cidade do Rio de Janeiro, foi coroado de Êxito:  com uma convocação dos Jogadores, horários de treinos marcados com antecedência, com ocorrendo dentro da melhor organização. Na época comissão técnica escolhida pela CBD era formada pelos jogadores Amílcar Barbuy e Arnaldo Silveira (Capitão), além de Mário Pollo, Affonso de Castro e Ferreira Vianna Netto.
   Em sua estreia, O Brasil venceu o Chile pelo placar de 6 a 0. O estádio, que segundo os cálculos dos seus Engenheiros,que só atingiria uma lotação de 25 mil espectadores dentro de algumas décadas, Ficou lotado,  muito além da sua capacidade de lotação.  Quase 10 mil espectadores assistiram à partida de cima de uma pedreira, em muros, em árvores, ou seja, de qualquer lugar em que se pudesse observar os movimentos dos Jogadores.
   Na segunda partida, eram os argentinos os nosso adversários. A Seleção Brasileira deu um verdadeiro show de bola vencendo a Argentina por  3 a 1.
   Veio a partida contra uruguaios que jogavam de luto pelo falecimento do Seu goleiro Roberto Cherry que falece durante procedimento cirúrgico após se chocar com um atacante chileno durante um competição. A partida terminou empatada em 2 a 2. O destaque da partida foi o atacante Neco, que levou a Seleção ao empate após esta perdendo por 2 a 0.
   "Foi necessária a realização de uma partida extra de desempate entre uruguaios e brasileiros."
   O Jogo aconteceu  no dia 29 de maio e tornou-se um marco na História do Nosso futebol. O Governo decretou ponto facultativo nas repartições públicas. Bancos e casas Comerciais ficaram fechados. Para se ter uma ideia, o jogo estava marcado para às 14 horas, Mas às 9 horas horas já tinha gente chegando ao estádio das Laranjeiras. Com a partida terminada empatada em 0 a 0 seu tempo normal,  foi feita uma prorrogação. Na disputa, a partida continuava equilibrada, com lances de perigo acontecendo a todo o instante. Fim da prorrogação e o placar não se alterou. Por mais incrível que possa parecer, houve necessidade de uma segunda prorrogação de 30 minutos. Os jogadores extenuados pelo desgaste  físico e emocional, se arrastavam em campo. Aos Três minutos, Neco invadiu pelo lado direito perseguido por Foglino, já quase na Linha de fundo, cruza para Heitor que chuta para o goleiro do Uruguai, Saporiti, fazer uma defesa parcial no chute, para a bola cair nos pés de Friedenreich, que fuzila a uma meia altura e a bola morre não fundo da Rede. A torcida Foi à loucura. No andamento do segundo tempo, com as equipes se arrastando e nada produzindo, o Brasil era Campeão Sul-Americano, e Friedenreich é transformado em Herói Nacional. Ganhou o apelido de "El Tigre" por parte dos uruguaios e o Brasil seu primeiro título Sul-Americano.

Algum imagens do campeonato: 
               


O goleiro do Brasil, Marcos de Mendonça, intercepta ataque chileno na vitória da Seleção Brasileira por 6 a 0 


jogo do Brasil contra o Chile, 6 a 0





Nas duas fotos acima, jogo do Brasil contra a Argentina. 3 a 1 para o Brasil.
 
Estádio das Laranjeiras lotado para a final do Campeonato Sul-Americano entre Brasil e Uruguai

Sociais do Estádio das Laranjeiras  final do Sul-Americano de 1919


Da Esquerda Para a Direita: Juan Pedro Barbera (Árbitro Argentino da final), Selação Brasileira, Sérgio Fontes, Milton, Bianco, Marcos de Mendonça, Neco, Píndaro, Amílcar Barbuy, Heitor, Arnaldo, Friedenreich, e Adílson Penteado (banderinha da partida ). 

 



Acima: duas fotos de diferentes ângulos do Jogo da  final do campeonato.


Brasil no empate de 2 a 2 com o Uruguai


  Após uma prorrogação com tempo extra, o Brasil vence  por 1 a 0, a Seleção do Uruguai,  e torna-se Campeã do Sul-Americano de 1919


Entrega da premiação a Seleção Brasileira  



Fonte: CBF 

A guerra do vintém

Exploradas por militantes republicanos, manifestações contra taxa sobre transporte urbano tumultuam capital do Império e deixam mortos e feridos pelas ruas

José Murilo de Carvalho

   No dia 28 de dezembro de 1879, a capital do Império viu algo inédito desde 1863, quando o Brasil rompeu relações com a Inglaterra por conta da Questão Christie: a multidão protestando na rua. A manifestação aconteceu no campo de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, em frente ao palácio imperial. Cerca de cinco mil pessoas, lideradas por um militante republicano, o médico e jornalista Lopes Trovão, reuniram-se para entregar a d. Pedro II uma petição solicitando a revogação de uma taxa de 20 réis, um vintém, sobre o transporte urbano, ou seja, bondes puxados a burro. O vintém era moeda de cobre, a de menor valor da época. A polícia não permitiu que a multidão se aproximasse do palácio. Enquanto os manifestantes se retiravam, o imperador mandou dizer que receberia uma comissão para negociar.
   Mas Lopes Trovão e outros militantes republicanos, buscando tirar o máximo proveito político da ação da polícia, recusaram o encontro. Divulgaram um manifesto dirigido ao soberano, convocando-o a ir ao encontro do povo. A Gazeta da Noite de Lopes Trovão e panfletos distribuídos pela cidade passaram a pregar o boicote da taxa e a incitar a população a reagir com violência, arrancando os trilhos dos bondes. Outra manifestação foi convocada para o dia 1º de janeiro, data da entrada em vigor da taxa, agora no centro da cidade, no Largo do Paço, hoje Praça 15 de Novembro.
   Nesse dia, a taxa estava sendo paga até que, ao meio dia, a multidão se reuniu no local previsto. Percebendo talvez a enrascada em que se metera, Lopes Trovão não incitou a multidão à ação. A massa moveu-se, então, pelas ruas do centro aplaudindo as redações dos jornais de oposição e se dirigiu ao Largo de São Francisco, ponto final de várias linhas de bonde. Em frente ao prédio da Gazeta da Noite, o próprio Trovão fez um apelo aos manifestantes para que se dispersassem. Mas àquela altura ele já perdera o controle dos acontecimentos. A massa popular concentrou-se nos arredores da Rua Uruguaiana e do Largo de São Francisco. O delegado que comandava as tropas da polícia pediu reforços ao Exército, mas, antes que a ajuda chegasse, ordenou à polícia que dispersasse a multidão a cacetadas.
   A um grito de “Fora o vintém!”, os manifestantes começaram a espancar condutores, esfaquear mulas, virar bondes e arrancar trilhos ao longo da rua Uruguaiana. Dois pelotões do Exército ocuparam o Largo de S. Francisco, postando-se parte da tropa em frente à Escola Politécnica, atual prédio do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. O povo, que só detestava a polícia, aplaudiu a tropa. Mas alguns mais exaltados passaram a arrancar paralelepípedos e atirá-los contra os soldados. Por infelicidade, um deles atingiu justo o comandante da tropa, tenente-coronel Antônio Enéias Gustavo Galvão, primo de Deodoro da Fonseca, militar que uma década depois se tornaria o primeiro presidente do Brasil. O oficial descontrolou-se e ordenou fogo contra a multidão.

A república dos patriotas

Em 1817, Pernambuco foi palco da primeira experiência republicana da história do país. Apesar de liberais, os revolucionários divergiam quanto à manutenção da escravidão na nova pátria.

Flavio José Gomes Cabral

   Entre os meses de março e maio de 1817, um movimento sedicioso eclodiu no Nordeste, tendo como epicentro Pernambuco e liderado principalmente por setores da burguesia comercial regional e do clero. A primeira insurreição republicana do país não foi obra do caso. Antes do levante chegar às ruas no dia 6 de março, em casas particulares, sociedades secretas e maçonaria realizavam-se reuniões com o objetivo de derrubar o governo. Denúncias sobre essas tramas chegaram até o governador régio Caetano Pinto de Miranda Montenegro, que resolveu prender várias pessoas acusadas de sublevação. No Forte de Cinco Pontas, um motim militar terminou com a morte do tenente-coronel Alexandre Tomás e antecipou o processo revolucionário.
   Desencadeado o movimento, de imediato as ruas da cidade foram tomadas pelas forças insurgentes. O governador recebeu um ultimatum que exigia sua demissão. Sem oferecer grande resistência Caetano Pinto foi conduzido para Forte do Brum onde cumpriu prisão até sua expulsão para a o Rio de Janeiro. Nessa cidade o ex-governador responderia processo por não ter tido punho forte para debelar o movimento. Logo depois da capitulação do governador os oficiais querendo demonstrar apoio à revolução começaram a arrancar de seus barretes as insígnias reais. Em seguida grande concentração de povo se aglomerou no Campo do Erário, atual Praça da República, para festejar a vitória da revolução.
   Com a deposição de Caetano Pinto, o movimento se consolidaria com a instalação do Governo Provisório, inspirado no Diretório da Revolução Francesa. Este processo foi encabeçado por uma junta composta pelo padre João Ribeiro Pessoa de Melo Negromonte, por Domingos José Martins, representante do comércio; José Luís de Mendonça, responsável pela magistratura; Manuel Correa de Araújo, responsável pela agricultura; e por Domingos Teotônio Jorge Martins Pessoa, responsável pelos militares. Instalar o sistema republicano era a meta destes revolucionários.
   Como justificativa do levante, o governo da nova República acusava a Coroa de descumprir um velho pacto com a capitania. Tal “contrato” ancorava-se no mito da restauração do domínio dos portugueses no distante ano de 1654, quando à custa de muito sangue e dinheiro conquistaram Pernambuco dos holandeses. Em contrapartida pela lealdade, a Coroa passou a oferecer isenções fiscais, administrativas e outras regalias que não foram cumpridas. Assim, justifica-se o motivo de a Revolução de 1817 se autoproclamar “segunda restauração de Pernambuco”, já que a primeira seria a que expulsou os holandeses.
   Ao se romper com o velho pacto, as velhas insígnias e as armas reais foram abolidas, desaparecendo o “império do despotismo até seus últimos vestígios”, segundo explicava o decreto de 18 de março de 1817 do governo provisório da República. Emergiam assim novos símbolos como a bandeira e o novo laço nacional azul e branco, os quais procuravam materializar a recente conquista.
   A bandeira da República foi consagrada no dia 2 de abril de 1817 numa cerimônia realizada no Campo do Erário. Tanto o recém-instalado governo quanto a revolta que o viabilizou precisavam inventar um ato inaugural, ou melhor, uma cena pública que os consagrasse e através dos discursos proferidos pontuassem as responsabilidades do patriota. Tantas vezes repetida nos documentos, a palavra patriota indicava uma identidade política nascida em Pernambuco em 1817. O patriota era uma espécie de defensor da república contra os desmandos do despotismo do Antigo Regime.
   É indiscutível que o governo então instalado veio enfrentar entraves por aglutinar pessoas bastante heterogêneas, as quais adotavam pensamentos e comportamentos conflitantes. A divergência era contundente na questão do trabalho escravo e sua participação na luta armada da nova República. O comerciante Domingos José Martins defendia o uso dos escravos na guerra. Já Francisco de Paula, representante dos proprietários rurais, temendo a repetição das cenas do Haiti, era contrário a essa medida.
   A contradição do movimento, que se dizia liberal, viria quando o governo saiu em defesa de uma abolição gradual, lenta e legal, porém, sem falar em datas para eliminar da sociedade o “cancro” da escravidão. Dessa maneira, pode-se entender que o movimento era descolonizador e contra a escravidão, ainda que não vissem como eliminá-la imediatamente.
   Para todas as câmaras das comarcas, foi enviada uma Lei Orgânica que delimitava os poderes do governo provisório vigentes até a elaboração de uma Constituição elaborada por uma Assembléia Constituinte. A Constituição deveria expressar alguns princípios do liberalismo e normas que se opunham às propostas do Antigo Regime: governo republicano, a tese da soberania popular, a liberdade de consciência e de imprensa. Do ponto de vista de soberania popular embasada no povo, dotado de direitos de liberdade e de igualdade, não havia lugar para o monarca.
   Na hipótese de a Constituinte não ser convocada ou, em última instância, não ser concluída dentro de três anos, o governo provisório seria dissolvido, devolvendo ao “povo” o direito de sua soberania. O trânsito suave da velha ordem para a nova foi observado no artigo 21º, que dizia continuarem prevalecendo as leis até então em vigor até quando fosse feito um código nacional.
   Vale lembrar que, do ponto de vista das lideranças de 1817, o conceito de soberania popular se contrapunha à tirania e era a partir dela que se pretendia combater o despotismo. Entretanto, não se pode olvidar que ali a cidadania não alcançava a todos. Tratava-se de uma soberania limitada. A opção por um modelo republicano em detrimento de uma monarquia constitucional parecia melhor se encaixar aos ideais locais, uma vez que esta apresentava pressuposto unitário, enquanto aquela tinha objetivos regionais unindo as províncias do Nordeste sob uma forma federalista.
   A carta escrita pelo padre João Ribeiro à junta paraibana, em fins de março de 1817, insinuava tal intenção ao explicar que a revolução não havia sido feita para o engrandecimento de Pernambuco sujeitando a esta província as da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará “como antigamente”. João Ribeiro arrematava dizendo que as mencionadas províncias ligadas entre si através de interesses e identidade não poderiam se separar. Pelo contrário, deveriam se unir, isto é, formar uma única República, cuja capital poderia ser fundada na Paraíba a uns 30 ou 40 léguas da costa. Ali, deveriam se abrigar tanto a sede do governo como a do Congresso.
   Como outros movimentos da época, a República Pernambucana também foi fortemente influenciada pelos Estados Unidos. A simpatia de João Ribeiro por aquele país era tamanha que ele sugeriu que ser José Pereira Caldas, conselheiro do governo provisório, fosse reconhecido com o título de “o Franklin” do Brasil. Em carta escrita em 17 de março ao governo de Washington para pedir ajuda para o sucesso do movimento, os líderes de 1817 declararam explicitamente que a revolução havia se espelhado no exemplo que aquele país havia dado ao mundo.
   A primeira reação contra a nova ordem instalada em Pernambuco partiu da Bahia. O governador baiano Conde dos Arcos, ao tomar ciência dos eventos pernambucanos, enviou contra o Recife dois navios e soldados armados recrutados na Bahia, Sergipe e Alagoas. De posse de informações e temendo possíveis adesões dos baianos ao governo pernambucano imediatamente procurou o conde neutralizar possíveis focos de resistência em sua província a favor dito movimento. No interior pernambucano focos contra-revolucionários minam a capacidade de resistência dos rebeldes que percebendo o avanço inimigo convocam os escravos sob promessa de liberdade para assentar praça e de futura indenização aos seus proprietários. Do Rio de Janeiro enviou D. João VI reforços sob o comando do almirante Rodrigo José Ferreira Lobo que comandou o poder civil e militar até a chegada do novo governador Luís do Rego Barreto.
   A derrota da República de 1817 deu início a um período de grande repressão. Líder do movimento insurgente, o padre João Ribeiro se suicidou, mas ainda assim teve parte de seu corpo exposto em praça pública. Com o novo governador, também chegaram a Pernambuco alguns homens das tropas do Rio de Janeiro, ditos voluntários leais de El-rei. De Portugal, foi deslocado o batalhão número 2, chamado Batalhão dos Algarves, composto por homens que cruzaram o Atlântico para também dar cobertura ao governador contra os envolvidos no movimento de 1817. Desde a posse do novo mandatário até sua saída, em 26 de outubro de 1821, sua administração caracterizou-se por um clima de revolta, indicando ser praticamente impossível o retorno da primeira república a nascer em solo brasileiro.


Fonte: RHBN



A República de Pernambuco

Para além da mera conspiração, a rebelião de 1817 chegou ao poder, e mesmo derrotada repercutiu pela província até 1822

Flavio José Gomes Cabral

   O movimento deflagrado em Pernambuco no ano de 1817 coincidiu com o período da expansão das idéias liberais no mundo ocidental. Estas idéias se difundiram também em várias províncias brasileiras, circulando clandestinamente em ambientes onde se discutiam assuntos relativos à política e planos para a implantação de um regime republicano. Falar contra a monarquia e contra o governador régio Caetano Pinto de Miranda Montenegro (1804-1817) era uma prática comum em certos círculos pernambucanos nas primeiras décadas do século XIX. Uma quadra cantada à época dizia que ele era “Caetano no nome, pinto na falta de coragem, monte na altura e negro nas ações”. Apesar de ser debatida por pequenos grupos de letrados, a própria noção de independência já existia bem antes da revolução, ganhando mais força após sua repressão.
   Quando o ouvidor da Comarca do Sertão tomou conhecimento das reuniões dos insurgentes, apressou-se em denunciá-las ao governador. Este, depois de ouvir outras pessoas que confirmaram a informação, ordenou a captura dos líderes do movimento. Por ocasião da prisão de alguns militares apontados como participantes da conspiração houve pancadaria e mortes, precipitando a rebelião. No Forte das Cinco Pontas, um brigadeiro português foi morto pelo capitão José de Barros Lima, o Leão Coroado, no momento de prender seus comandados. Um ajudante-de-ordens teve igual destino quando tentava entrar no quartel do Paraíso.
   Era o dia 6 de março de 1817, e a revolução ganhava as ruas. O governador, ouvindo os tiros e temendo pela própria sorte, fugiu do palácio e pediu abrigo no Forte do Brum. Sem demonstrar grande resistência, Caetano Pinto aceitou um ultimato que exigia que as tropas estacionadas naquele forte se unissem às forças revolucionárias, que estas forças entrassem no forte e tomassem posse dele, e que o governador se retirasse da província. Caetano Pinto acatou as exigências sem grandes dificuldades, sendo em seguida conduzido a uma embarcação que se dirigiu ao Rio de Janeiro, onde foi preso na Ilha das Cobras, acusado de indolente pela falta de punho e por não ter tido a capacidade de debelar a crise antes que ela chegasse às ruas.
   Controlado o Recife no dia 7 de março, tratou-se de cuidar da formação do governo da província. Aliás, havia ali certa confusão, uma vez que não se sabia quem detinha a autoridade. Com a divulgação da notícia da vitória dos rebeldes, muita gente saiu às ruas e se concentrou na Praça do Erário, na esperança de participar da escolha do governo. Nesse momento, Domingos José Martins entrou no edifício do Erário com a intenção de organizar o eleitorado que iria escolher a nova administração. Em seguida, por meio de um proclama que percorreu as ruas recifenses, foram anunciados os nomes dos membros do governo provisório. Esse era composto por uma junta, inspirada no diretório francês de 1795, formada por cinco pessoas, todas representando a classe dominante: Manuel Correia de Araújo, expoente da elite agrária; Domingos José Martins, dos comerciantes; José Luís de Mendonça, dos magistrados; Domingos Teotônio Jorge Martins Pessoa, dos militares; e o padre João Ribeiro Pessoa de Melo Montenegro, presidente do governo e líder do clero. Outros nomes de grande representatividade na capitania integraram um conselho para assessoramento do governo, entre eles Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, irmão de José Bonifácio de Andrada e Silva.
   Os poderes do governo estavam regulamentados por uma lei orgânica, considerada de autoria de frei Caneca, inspirada na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. O documento deveria vigorar até que fossem realizadas as eleições e se organizasse o Parlamento que votaria uma Constituição. Ainda em harmonia com as idéias liberais, foi estabelecido o direito de liberdade de consciência e de imprensa, chegando-se a imprimir a “Declaração dos Direitos Naturais, Civis e Políticos do Homem” na Oficina Tipográfica da República de Pernambuco. O Estado adotava como religião oficial a católica romana, sendo as demais “toleradas”. Os lusitanos que dessem demonstração de adesão à revolução seriam considerados “patriotas”. As leis em vigor continuariam “a ter a mesma autoridade”, enquanto não fosse preparado “um código nacional” adequado às “novas circunstâncias e precisões”.


Fonte: RHBN




quinta-feira, 3 de junho de 2010

A Operação Barbarossa: a invasão da Wehrmacht a URSS, 1941 (parte II)

As intenções de Hitler de capturar Moscou a partir da junção de seus efetivos militares do Norte e do Sul, só tomaram fôlego de ação em meados de novembro de 1941.

por Samuel Lima


   A nova operação nazista, Operação Furacão, foi retomada com a melhora do tempo em novembro de 1941. A Wehrmacht inicia o avanço sobre neve e trilhas ainda congeladas com ímpeto e força. Nas primeiras semanas alcançam o Rio Olka no sul de Moscou e o canal do Rio Volga no norte. Nesta mesma semana, conseguem capturar uma estação de terminal de sistema de bondes de Moscou. Porém, o fator clima volta a assolar e prejudicar as iniciativas das tropas alemãs levando novamente a terem que diminuir suas ações.
   Já bem estruturados e preparados desde a pausa dos primeiros combates, o alto comando soviético possuía uma força estrategicamente montada formadas por 25 divisões de soldados siberianos bem armados, protegidos com uniformes adaptados ao clima invernal e treinados para atacar com esquis. No mês de dezembro, com a temperatura batendo o termômetro nas escala de 40°c negativos, as forças soviéticas mais preparadas para a situação climática em que se encontrava o teatro de guerra, consegue repelir o ataque nazista e salvam Moscou de ser invadida e capturada por Hitler. O Marechal Jukov conseguia frear e vencer em nome do Vodz as tropas de Hitler.
   Os fatores primordiais - além da situação climática, do atraso da ação da Wehrmacht para programar os estágios finais da Barbarossa e da inconstância de Hitler em suas ações-, são a logística soviética em relação à alemã - o exercito soviético possuía uma força de reserva material e humano muito maior que a alemã e possuía seis ferrovias para o seu transporte. Já a Wehrmacht possuía poucas reservas humanas e materiais para a complementação da operação e só uma linha férrea para transportar seus exércitos - e a participação da ação da inteligência soviética, que foi de primordial importância no que diz respeito às ações defensivas de Stalin e o contra-ataque soviético. No inicio da Operação Barbarossa, a espionagem soviética em Tóquio tinha alertado sobre os planos de Hitler para a implementação da operação de invasão da URSS, mas Stalin ignorou. Quando a espionagem alertou que o Japão não apoiaria as iniciativas alemãs para atacar a URSS, Stalin então pode solicitar a ação das forças soviéticas estacionadas na Sibéria e nas fronteiras orientais como reforço para derrotar a iniciativa alemã. Tanto que, estas reservas orientais passaram despercebidas pela Wehrmacht e foram decisivas para impedir os planos de Hitler e empurrar pra trás da área em que haviam começado sua ações há dois meses. Com isso, a campanha de ataque rápido em conciso alemão de invadir e conquistar a URSS estava desarticulada.

Algumas imagens da Operação Barbarossa


 
Caça Soviético Polikarpov I-16 abatido ainda no solo pela força aérea alemã, 1941 



Aquecedor improvisado feito com lonas e usando motores de caça aéreo pelas forças alemãs na Operação Barbarossa
 
 
 

Infantaria da Wehrmacht machando na neve em plenos combates
 
 
 

População de Moscou cavando trincheiras anti-tanques nos arredores da cidade




Caça Junkers JU87D Stukas da Luftwaffe estacionados na neve devido ao mal tempo, 1941


Um BF109 do II JG54 é reabastecido no inicio da Operação Barbarossa sobre os olhares de Dietrich Hrabak e Hans Phillip (com óculos), 1941



soldados alemães avaçam sobre o cáucaso, 1941



Um Junkers JU52 preparando-se para abastecer tropas cercadas em Demyansk, fevereiro de 1942

 

um caça alemão BF 109 F do lado de um caça soviético Polikarpov I-16, 1941