terça-feira, 25 de janeiro de 2011


Cientistas voltam atrás e reconhecem que Tiranossauro Rex foi máquina mortífera

Paleontólogos reabilitaram imagem de predador do famoso dinossauro

Fonte: AFP                                                                                                                                     

AP
 Paleontólogos voltaram atrás nesta terça-feira (25) em um acalorado debate sobre a natureza do Tiranossauro Rex (ou T-Rex, como também é conhecido), que de temido predador foi transformado em um comedor de carniça, reabilitando a imagem do famoso caçador da pré-história.
Por mais de um século depois de sua descoberta, muitos cientistas têm descrito rotineiramente o T-Rex como o rei das máquinas mortíferas, com seis toneladas de dentes, músculos e força, projetado para derrubar e destroçar dinossauros muitas vezes maiores do que ele.
Mas ao longo da última década, uma nova escola pintou um novo retrato, menos elogioso, da espécie. Segundo essa teoria, o T-Rex seria apenas um lagarto oportunista, atrapalhado e lento demais para conseguir caçar sozinho. Por esse motivo, ele simplesmente roubaria a refeição depois que predadores mais astutos tivessem feito o trabalho sujo. Em outras palavras, seria mais como uma hiena do que como um leão.
Polêmica começou em 2003

O primeiro ataque às credenciais predatórias do dinossauro carnívoro veio à tona em 2003, quando o especialista americano Jack Horner concluiu que os braços sem garras do T-Rex, os olhos pequenos e as patas pouco ágeis demonstrariam que ele seria "100% carniceiro".
Em 2007, o cientista John Hutchinson da Escola Real de Veterinária, da Grã-Bretanha, desferiu outro golpe na reputação do tiranossauro, ao demostrar que o "desajeitado" dinossauro precisaria de mais de dois segundos para dar uma volta de 45 graus, facilitando a fuga da presa.
Estudo mostra que dino tinha características de caçador
Mas um novo estudo, publicado na revista Royal Society B: Biological Sciences, pode reequilibrar a balança a favor do famoso dinossauro. O cientista Chris Carbone, da Sociedade Zoológica de Londres, e seus colegas dizem que alguns dos traços analisados que levantaram dúvidas sobre a perícia predatória do tiranossauro estão cheios de ambiguidades.
Segundo eles, o olfato apurado, presumido pelos bulbos olfativos aumentados, que é um traço comum entre carniceiros, como os urubus, também pode ajudar um caçador. Eles argumentam também que os olhos do dinossauro não são tão pequenos quanto se pensa e sua visão binocular, juntamente com sua mordida esmagadora e dentes resistentes a impactos, seriam bem adaptados para a caça.
Mas o argumento mais convincente de Carbone não tem nada a ver com os traços físicos do terópode gigante.
"Fizemos uma abordagem ambiental, estabelecendo uma lista completa de todas as espécies na área", explicou o cientista por telefone. "O que é novo é que tiramos conclusões sobre a abundância a partir do tamanho dos animais" no Cretáceo tardio, afirmou, em alusão ao período compreendido entre 85 e 65 milhões de anos atrás, quando o T-Rex reinou absoluto.
Com base em registros fósseis e estudos da distribuição da fauna nas planícies do Serengeti, no leste da África, hoje, Carbone calculou que o ecossistema na época teria sido enormemente habitado por dinossauros menores.
Entre os carnívoros, 80% pesariam cerca de 20 kg, e o T-Rex responderia por 0,1% da população. Entre os herbívoros, geralmente mais pesados, cerca da metade pesava cerca de 75 kg.
Chances de T-Rex se alimentar de carniça são quase nulas
Os cientistas calcularam o perímetro onde o T-Rex poderia se deslocar diariamente, quantos dinossauros mortos de tamanhos diferentes encontraram pelo caminho e outro tipo de alimento que pudesse ser detectado.
"Em vista da distribuição de carcaças e da competição potencial com outros dinossauros carnívoros, é extremamente improvável que um Tiranossauro Rex adulto pudesse se alimentar no longo prazo de carniça como estratégia de alimentação sustentável", concluiu o estudo.
Segundo Carbone, cães selvagens e hienas - similares em tamanho e relativamente abundantes tanto quanto dinossauros menores do Cretáceo tardio - "são capazes de reduzir uma carcaça de 70 kg a pedaços de pele e ossos rapidamente, certamente em menos de uma hora".
De acordo com o cientista, um carniceiro lento teria um desempenho muito pior e sofreria as consequências disso. 



Notícia publicada no site r7.com em 25/01/2011

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