sábado, 17 de abril de 2010

Mossoró: a cidade que bateu lampião

Em seu processo de ataques as mais variadas cidades do Nordeste brasileiro levou Lampião a cogitar atacar uma das mais prosperas cidades do Rio Grande do Norte, Mossoró. A empreitada de Lampião sobre Mossoró era uma vontade antiga que foi colocada em prática em meados de junho de 1927.

Samuel Lima

   Assim que Virgulino Ferreira (Lampião) acabará de atacar a vila de São Sebastião, organizou o futuro ataque a Mossoró, como de praxe, enviou um recado ameaçador alegando que se caso não lhe fosse pago a quantia devida que pedia para não invadir a cidade (400 contos de reis), o Capitão e o seus cabras a atacariam. 
   A notícia logo circulou nos meios de informação da cidade, o prefeito, Coronel Rodolfo Fernandes, assim que toma conhecimento da ameaça alerta a população da cidade que já estava de sobre aviso desde a invasão de Lampião a Vila de São Sebastião. Porém, o prefeito não responde a altura dos anceios dos cangaceiros e nega pagar tal quantia. Enfurecido, Virgulino manda um novo recado ameaçador para a cidade:    
 "Cel Rodopho, estando eu aqui pretendo é dinheiro. Já foi um aviso pra sinhoris, si por acauso rezolver mia mandar, será a importança que aqui nos pedi. Eu evito de entrada ahi porem não vindo esta emportança eu entrarei, ate ahi penço qui a deus querer eu entro e vai aver muito, por isto se vir o dinheiro eu não entro ahi mas no resposte logo"   
Capitão Lampião.
   O Prefeito, Coronel Rodolfo Fernandes, não cogita em pagar tal quantia, apesar de possui-lá nos cofres públicos, e desafia Lampião a entrar na cidade para pegar a quantia. O povo de Mossoró  temendo o confronto, e com apoio do poder público local, começa a fugir da cidade logo na manhã de 13 de junho de 1927. O prefeito, em ação rápida, ja tinha, muito antes, pedido apoio militar ao governo do estado, que em resposta, só lhe manda armas.  
   As 16:00 da tarde  do dia 13 de junho, os cangaceiros sob o comando de Virgulino, invadem Mossoró com um total de 53 cabras, a cidade que já esperava tal ataque, possuia um contigente de defesa em média de 150 homens armados para o combate. No passar de uma hora de confronto, os cangaceiros perderam um cabra morto em combate, colchete, e um capturado, Jararaca. Percebendo que não suportaria tal combate, Lampião decide recuar para não perder mais homens.   
   Mossoró tinha acabado de derrotar o cangaceiro mais famoso do sertão nordestino e do Brasil, o que fez com que a fama de invencível de Virgulino e seus cangaceiros caísse paulatinamente no imaginário da época.
   No dia 14, o cangaceiro Jararaca (José Leite de Santana), pernambucano de 22 anos, foi interrogado na delegacia de Mossoró sobre sua ação no bando e  deu intrevista ao jornalista Lauro de Escóssia do jornal Mossoroense. Dias depois, após melhorar do ferimento a bala que tinha recibo no combate, foi levado para o cemitério da cidade. Jararaca quando percebeu que iria morrer ao ser levado para o cemitério proferiu a seguinte frase: "Sei que vou morrer. Vão ver como se morre um cangaceiro!", o cangeceiro foi morto pela tropa polícial que o acompanhava que estava sob as ordens do Capitão Abdon Nunes, que tempo depois relatou como foi a eliminação do cangaceiro.    
" Foi-lhe dada uma coronhada e uma punhalada mortal. O bandido deu um grande urro e caiu na cova, empurrado - que já estava aberta a sua espera-. Os soldados cobriram-lhe o corpo com areia."  Foi o fim de Jararaca.


Nenhum comentário:

Postar um comentário