quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Revolta dos marinheiros contra os castigos da chibata - 1910 [parte I]

Em pleno inicio do mandato político do Presidente Hermes da Fonseca, eclode no Rio de Janeiro uma revolta armada colocada em prática por marinheiros sublevados contra os castigos físicos e as humilhações impostas pela doutrina militar naval

por Samuel Lima

Antecendentes

   Os castigos corporais utilizados como meio disciplinar pela marinha, não era nenhuma novidade no cenário da "pedagogia do medo" imposta pela doutrina militar naval no século XIX e meados do século XX no Brasil. O corpo naval de varios países do mundo, utilizavam o castigo como meio de punir o mal comportamento dos seus marujos.
   A marinha brasileira,  não fugia a regra e utilizava os castigos como forma educativa para o mal comportamento - herdara tal atitude da marinha portuguesa. Porém, a partir da influencia sofrida pelos marujos desde a Guerra do Paraguai até a Abolição da Escravatura, estes castigos começaram a ser contestados. 
   Um fato interessante ocorre no final do governo de D. Pedro II quando um confronto nas ruas do Rio de Janeiro entre os marinheiros e a polícia, devido à querelas antigas, chama atenção dos republicanos que utilizam de tal fato para atacar e ganhar apoio dos marujos para a causa republicana, pois, quanto mais fossem avessos a Monarquia, melhor seria para os republicanos. Um dos republicanos, que estava neste dia no cenário do conflito, foi o Ministro da Marinha no governo de Deodoro da Fonseca, o Marechal  Eduardo Wandenkolk. O Marechal, ao assumir o comando do Ministério da Marinha, dois dias após a sua posse, decreta a proibição dos castigos físicos imposto aos marujos, mas, após cinco meses da proibição sofrendo pressão do oficialato maior, cede aos pedidos de retorno dos castigos e aplica uma regra mais rígida e cruel, resgatando inclusive o castigo da chibata, onde em média o número aplicado de chibatadas podia chegar até duzentos e cinqüenta. 
Com essa atitude, levantes de marujos começam a acontecer em vários estados brasileiros ainda na década de 1890, mas a organização destes não leva o movimento adiante. 
    Já no início do século XX, a situação dos marujos piora ainda mais quando os soldos pagos pelo estado aos oficiais passa por um aumento, já a marujada, fica sem nada de reajuste que somados aos castigos físicos, a má alimentação e ao alistamento forçado perpetua sua situação difícil. Com a chegada de novos e modernos navios de guerra da marinha brasileira - processo de modernização inicial em 1904 - comprados de estaleiros ingleses Vickers-Armstrong, ocasiona a necessidade direta do aumento de homens, algo não colocado em prática, mas só sobrecarrega os que já estavam em suas funções, o que proporciona as frequentes irritações e insubordinações e o  consequente aumento do castigo punitivo das chibatadas.
   Em 1909, devido a dificuldade do manuseio das armas e da formação de um grupo preparado para trabalhar com as modernas armas, envia, para a Inglaterra, um grupo de marinheiros para aprenderem o processo de utilização e manuseio da frota, como estes se familiarizaram com a situação  política da moderna marinha inglesa, voltaram mais experientes no quesito e passaram a discutir com maior veemência a sua situação perante a instituição ao qual eram subordinados. Entre estes marinheiros, estava João Candido, O Almirante Negro, o lider da Revolta da Chibata em 1910.              

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